sábado, 14 de novembro de 2009

relembrando.



Inglaterra, 1941

Hoje é o dia do meu casamento e estou ansiosa para que esse sonho se realize e que eu possa dizer que vou estar com ele até que a morte nos separe. Minha cabeça entrando em ebulição de tanto pensar no que vou passar daqui a alguns minutos...

- Alice, vamos, não me diga que você esta escrevendo no seu diário. Adiante-se porque você já esta atrasada!


- Mãe, posso te falar uma coisa? – murmurei Alice.


- Esse é o dia mais importante de minha vida e eu não quero abrir mão de cada detalhe. Vai que eu tenha uma perca de memória? Eu sei que esse meu pensamento é bobo, mas isso é muito importante para mim – falei com lágrimas as escorrendo no rosto.


- Eu sei como você esta se sentindo, minha querida. Até hoje eu me lembro como foi a minha entrada na igreja e ver o seu pai me esperando no altar. Foi como se fosse ontem.

Você vai ser muito feliz. Mas temos que ir porque o Gerrad não vai querer esperar a mulher dos sonhos de qualquer homem.

Fechei o meu diário e achei que nunca mais iria abri-lo novamente...

Eufórica estava eu num Packard 1937, o mais belo que já tinha visto, quase borrando a maquiagem perfeita de tanta nostalgia e curiosa para saber se todos os meus amigos estavam na igreja.


- Filha, chegamos!


- Eu sei mãe – respondi


- Agora é a parte mais emocionante, entrar na igreja direto para o altar –falou mãe com um sorriso materno que eu nunca vira antes.


-Te vejo lá, mãe!


-Sim, minha filha, toda sorte do mundo para você!- disse minha mãe em lágrimas, derretendo com um sorvete exposto ao sol.


-Obrigado, lá vou eu!

Ao pisar na escada senti meu coração pular de uma forma anormal, senti no corpo inteiro um forte desequilíbrio. Estava muito nervosa. Meu vestido era azul, um azul bebê mágico. Odiava branco e quando vi o vestido azul na vitrine foi amor à primeira vista. Levava em mãos um buquê de violetas borrifada com o perfume que Gerrad adorava. De repente percebi que Gerrad estava ausente e todos me olhavam com um ar de consternação, de não saber o que me falarem... Então eu pensei “Ele deve estar ali, eu é que não to vendo...”. Continuei seguindo em frente, mas agora estava tudo diferente. Comecei a tremer, tremer de outra forma, de uma forma que eu não sabia explicar. Parecia que tinha um rolo compressor passando por cima de meu coração e esmagando-o sem complacência, mas com voracidade. Ainda não estava convicta de que Gerrad não estava lá. No fundo ainda tinha uma enorme esperança. De repente, escutei uma voz. Era diferente da de Gerrad, mas daria tudo para que fosse ele. Era um taxista.


- Senhorita Alice – disse o taxista - O senhor Gerrad me deu a incumbência de lhe trazer esse envelope.

Eu já sabia da situação, mas ainda assim eu acreditava que poderia ser uma declaração ou uma surpresa.


-Obrigado! – respondi

Olhava o envelope e me deparava com a solidão. Lutava contra a mim mesma para não abrir aquele envelope.


-Mãe, abra e leia para mim! – disse – Eu não vou conseguir ler isto.


-Minha filha, seja o que for não fique triste! – Ela tentava me acalmar, mas não tinha êxito.


-Vou começar...

25 de março de 1941.

“Minha irrevogável companheira, minha parceira para todas as coisas, minha eterna mulher.

Foram 6 anos de convivência; momentos que levarei no meu apertado coração. Redigo essa carta em lágrimas e em palavras vou tentar te explicar o motivo da minha mudança repentina. Sei que eu não tenho um boa desculpa para justificar o que estou fazendo com você. Você que sempre em acolheu em seu corpo cálido, você que sempre conseguia me dissuadir antes de fazer qualquer besteira, você que sempre me acordava com beijos suaves e que me acalmava com o seu hálito delicioso... Nunca vou me esquecer do dia que nos conhecemos. Na biblioteca foi onde trocamos os primeiros olhares e foi onde eu escrevi essa carta. Eu nunca conseguiria corresponder o que você sente por mim. Eu não consigo se parar de pensar nisso, eu não sou ideal para você.. Não estaria fazendo a coisa certa me casando com você. E foi a poucas horas que eu tomei essa atitude difícil e dura para mim. Suplico o seu perdão. O que eu fiz não foi por mal, mas para o seu bem. Eu não agüentaria ver você sofrer por minha culpa... Estou partindo para a Alemanha.Vou para o campo de guerra e lá eu vou ter o que mereço; a morte. Eu não vou deixar contato algum; quero que você seja muito feliz e que esqueça do Gerrad que só te trouxe a maior decepção que uma mulher pode ter. Como esta sendo difícil para minha dá um ponto final nesta carta. Antes de tudo, quero deixar o soneto de uns dos nossos preferidos escritores.


A minha consciência tem milhares de vozes,
E cada voz traz-me milhares de histórias,
E de cada história sou o vilão condenado.


Shakespeare

Adeus, minha querida Alice.

Gerrad

Eu estava arrasada com o que tinha acabado de ouvir, parecia que tinham me apunhalado por trás, mas foi isso que aconteceu. Gerrad me deu um golpe traiçoeiro.

Depois daquele dia, passei muitos anos com a esperança que ele voltasse e batesse na minha porta ou me ligasse, porque eu ainda morava no mesmo bairro e tinha o mesmo número. Mas decidi tomar outro rumo em minha vida. E conheci James, um homem extraordinário. Com ele eu superei a depressão que eu fiquei, com ele eu tive 3 filhos maravilhosos; Brendon, Mary e Gerrad. Passaram-se 30 anos e só hoje eu tive coragem para relembrar do passado em que eu vivi momentos tristes e alegres, dias amargos e doces como mel, dias frios e confortante com James e Gerrad. E perceber que em meus pensamentos ainda existe a lembrança de Gerrad. Não faço a mínima idéia se Gerrad esta vivo ou morto, mas em minha memória ainda guardo ele como uma criança guarda o dente debaixo do travesseiro, como o primeiro amor de sua vida.

3 comentários:

  1. se não for pra ser feliz é melhor largar .-.

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  2. - éé um exemplo,ela deu a volta por cimaa!

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  3. Ameei a hiistoriaaa...
    Tooomara q o caara teenha morrido ! ¬¬'
    hauahuahauhauhauahuahauhau

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